sábado, 16 de abril de 2011

Será o fim dos velhos Cadillacs de Havana?...



Essa semana o Partido Comunista Cubano está em reunião pela primeira vez desde 1997. Em sua reunião inaugural como presidente, espera-se que Raul Castro proponha algumas reformas radicais, que incluem a permissão de venda de casas e acabar com o banimento da venda de carros. Isso significará o fim do Cadillac como rei das ruas cubanas? Segundo o mecânico Jorge Prats “esses carros são parte de nossa identidade nacional – como feijão, arroz e carne de porco”. “Cuidamos desses carros velhos americanos como se fossem membros da nossa família”, continua. Atualmente, só os privilegiados podem possuir carros em Cuba. Isso inclui artistas, atletas e médicos que tenham trabalhado fora do país.


Os cubanos adoram os carros americanos e possuem muitos deles – Cadillacs, Chevys, Edsels e Packard. Após a revolução de 1959, todos os fabricantes americanos pararam de vender seus carros para Cuba como parte do embargo dos EUA. Antes da revolução Cuba era o maior importador dos carros americanos. Hoje, só os carros comprados antes da revolução podem ser comercializados livremente em Cuba. Existem, atualmente, cerca de 150.00 carros americanos pré-1960 rodando em Cuba. E os mecânicos cubanos se tornaram uma lenda por suas inovações, conversões nos motores a diesel, improvisando peças sobressalentes, tudo para manter os carros rodando.


O governo cubano capitaliza essa nostalgia que satura as ruas de Havana permitindo que os turistas aluguem conversíveis antigos para passear pela cidade. Mas romantizar a fantasia de carros clássicos americanos é o mesmo que romantizar a época do embargo comercial imposto pelos EUA. E os cubanos preferem os carros fabricados nesse século.


Por traz das mudanças que atingem esse ícone, que simboliza o próprio regime cubano, existem questões muito mais complexas e não tão românticas.


Vale à pena relembrar algumas coisas para entender o escopo dessa nova “revolução”: em 2006, quando Fidel adoeceu, o poder provisório sobre Cuba foi passado para seu irmão mais novo Raul. Dois anos depois Raul é apoiado pela Assembléia Nacional para se tornar o novo presidente. Ele começa, então, a tomar controle do país para ter uma idéia de sua agenda de reformas, sobre quais áreas seriam seu ponto de partida. Nesses dois anos ele tem se concentrado em reformas econômicas, que significariam consequentemente reformas políticas, mas não seriam reformas políticas de forma estrita. O discurso cubano muda de tom e passa a adotar termos como produtividade e eficiência, abandonando a premissa de um estado que paga por tudo onde ninguém trabalha. A igualdade de oportunidades substitui a atual igualdade de bens para todos.


O mais importante é que no final do dia a principal prioridade do governo cubano é doméstica: criação de empregos, produtividade, educação, infraestrutura e uma revisão da expectativa popular sobre o que o estado pode ou não pode fazer.


Esse texto contem trechos traduzidos por Rogerio Silva de http://www.cfr.org/cuba/cubas-reform-minded-party-congress/p24682 e http://www.foreignpolicy.com/articles/2011/04/15/buena_vista_auto_club

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