domingo, 19 de junho de 2011

Um pouco mais de África...



Texto adaptado de
http://africandiplomacy.com

O continente africano tem uma população de mais de 920 milhões e cobre não menos do que um quinto da extensão de terra total do mundo. Isso faz dele o segundo maior e segundo continente mais populoso. A região é, também, abundante em recursos naturais, com grandes reservas de petróleo, ouro e diamante que fornecem valiosas commodities. Tais estatísticas sugerem uma região de potencial considerável e com uma base sólida para o desenvolvimento, No entanto esse potencial presente na África continua não sendo o bastante. A África vem enfrentando uma série diversa e grave de problemas que precisam ser colocados como prioridade para que o continente possa avançar. Apenas para citar alguns, pobreza extrema, corrupção, doenças e conflitos violentos representam os assuntos mais severos e urgentes.

A África se tornou a principal referência quando se fala de fome e subnutrição. O World Fact Book da CIA estima que existam aproximadamente 300 mi de pessoas vivendo na pobreza na África Subsaariana e esse quase um quarto da população de todo o continente está subnutrida.

As evidências de corrupção também são gritantes. A África desenvolveu uma reputação de regimes baseados em pagamentos informais (para não dizer subornos) em troca de vantagens. Um relatório publicado pela Transparency International mostra que 50 dos 52 estados investigados possuem níveis de corrupção que variam de sério à exorbitante. Tamanha corrupção tem um efeito negativo na expectativa de desenvolvimento, e essa é apenas uma das razões pelas quais 26 dos 27 países pior colocados no Relatório de Desenvolvimento Humano da ONU (2006/2007) são africanos.

Uma das consequências desse baixo nível de desenvolvimento é a falta de instalações médicas adequadas, o que dificulta extremamente a luta contra doenças como a AIDS, cuja disseminação exige ação considerável. Hoje existem aproximadamente 22,5 mi de pessoas vivendo com HIV/AIDS na África Subsaariana, com índices de infecção que chegam a 33% em alguns países, como a Suazilândia.

Além disso, África tem sido palco de um grande número de conflitos violentos nas últimas duas décadas. Os eventos recentes no Zimbabwe e África do Sul, lutas em curso na Somália e Sudão, e tensões ferventes em um número de outros estados africanos indicam que a situação provavelmente vai piorar antes de melhorar. Não há evidências claras de que se tenha feito progresso ao ponto de assegurar que eventos sangrentos como como o genocídio de 1994 em Ruanda se repita.


África e Diplomacia Americana



A administração de Obama parece estar se movimentando mais ativamente no que tange às relações diplomáticas com a África. Mais do que uma mera resposta às críticas de líderes africanos sobre a falta de atenção de Obama, que é filho de um queniano, especialmente sobre a África Subsaariana, essa mudança enfatiza a complexidade do equilíbrio dos interesses americanos, muitas vezes contraditórios, na África.

Na semana passada a Secretária de Estado Hillary Clinton visitou a Tanzânia, Zâmbia e Etiópia, se tornando, com isso, a primeira secretária de estado a dirigir-se à União Africana. O objetivo da viagem foi enfatizar o compromisso da administração Obama com a democracia, boa governança, desenvolvimento econômico (especialmente no que tange a AGOA - African Growth and Opportunity Act) e saúde pública.

Michelle Obama, acompanhada de suas filhas e sua mãe, viajará pelo continente africano entre os dias 21 e 26 de junho, com paradas planejadas na África do Sul e em Botsuana. A viagem da primeira dama à África do Sul pretende salientar o papel da juventude Africana e sublinhar a transição democrática do país. Ela discursará no Fórum das Mulheres Líderes na África; visitará Robben Island, onde Nelson Mandela ficou encarcerado por dezoito anos; e se encontrará com o presidente sul-africano Jacob Zuma.

Recentemente o presidente Obama recebeu em Washington os presidentes Goodluck Jonathan, da Nigéria, e Ali Bongo Ondimba, do Gabão. Ambos produtores de petróleo e o último com um registro notadamente baixo de corrupção e abuso de direitos humanos. Ao contrário da agenda da primeira dama e da secretária de estado que destacavam a democracia e a boa governança, a Casa Branca relatou que o presidente Obama chamou a atenção para assuntos relacionados aos direitos humanos durante essa última reunião.